sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os Gonzagas da Cunha na política de Tuntum.


Emigrados do município de Mirador, os Gonzagas da Cunha se estabeleceram no início dos anos 1950 em Santa Filomena, capitaneados por Luís Gonzaga da Cunha, um dos dez filhos da matriarca Leocádia Gonzaga da Cunha, a Déa, viúva de Raimundo Joaquim da Cunha. Eram irmãos de LG*: João de Deus, o mais velho, Antônio Joaquim, Carlos Augusto (o Carlito), Hermes, Artur, Raimundo, e as mulheres, Maria Helena, Magnólia e Maria Augusta.A essa época Santa Filomena, assim como Tuntum, era um promissor povoado pertencente ao município de Presidente Dutra. Então, não tardou para que essa emblemática família ocupasse lugar de destaque naquele lugar, principalmente no setor do comércio varejista e também na compra e venda de produtos agrícolas dos lavradores dos arredores, tais como: algodão, arroz, milho, feijão e etc. Dessa forma, consequentemente, também passaram a ocupar espaço na política local. Já nas eleições de 1955 LG fora eleito para o cargo de vereador pelo município de Presidente Dutra. Nessa época, sua família vivia em plena harmonia com os Arapuás – clã dos pioneiros do povoamento de Santa Filomena, inclusive unindo-se através laços de matrimônio. Todavia, mais tarde, quebrara-se o cristal da paz e harmonia que refletia entre ambas as famílias, devido à fatídica morte de Abdon Costa por homens da confiança dos Gonzagas, fato que mudaria para sempre suas trajetórias nessa região. Deste modo, a boa convivência só habitaria na memória daqueles que a protagonizaram em seus tempos áureos. A partir daí, os Gonzagas da Cunha bateriam em retirada do lugar que estavam tão bem adaptados, inclusive acumulando muitas posses. Por intermédio do líder político Ariston Leda, que já havia ocupado o cargo de prefeito de Presidente Dutra, e que a época do episódio de Santa Filomena estava em plena campanha eleitoral (da primeira eleição para prefeito do município em 1958), tratou de garantir o apoio dessa importante família, trazendo-a para morar aqui em Tuntum. LG por se empenhar bastante na campanha e devido a sua inclinação para a política, conquistou a confiança de Ariston, conseguindo sua indicação para sucedê-lo na chefia do Executivo (1964-1969). Uma vez no poder, e mais tarde com vitória de José Sarney para o governo do Maranhão (1965), LG se tornaria a maior liderança política de Tuntum, pois não somente teria o apoio do governo estadual, mas porque com a derrocada do grupo de Newton Belo, Edésio Gomes Fialho, principal adversário, não conseguiria subsistir na política local. Assim, LG pôde “fazer” o seu sucessor, José Uruçu (1969-1973), que por sua vez, ainda no exercício do mandato, romperia com o antecessor. Na eleição de 1972 os Gonzagas amargariam a primeira derrota nas urnas, visto que, a chapa vencida era composta com o nome de Antônio Joaquim da Cunha para candidato a vice-prefeito e José Justino e Silva, o “Zé da Mata” para prefeito. Nas eleições de 1976 os Gonzagas da Cunha retomariam o poder na pessoa de Luís Coelho Batista, o “Luisão”, casado com Maria Augusta uma das irmãs de LG, que por sua vez, não logrou êxito nas eleições de 1982, pois o seu candidato Bento Teixeira não obteve os votos esperados na disputa com Hélio Araújo, o “Cobra Mansa”, o mesmo que Luisão derrotara na campanha anterior. Com a guinada de Hélio ao poder, os Gonzagas da Cunha só retornariam ao controle político do município com a eleição de Cleomar Tema Carvalho Cunha, o Tema, político que mais ocupou o cargo de prefeito na história do município. Sobrinho de LG e filho do casal Astolfo Seabra (prefeito interino em 1959) e Maria Helena, Tema acumula três mandatos de quatro anos (1993-1996, 2001-2004, neste mesmo ano sendo reeleito ficando no cargo até 2008). Além disso, Tema conseguiu em 1996 fazer seu sucessor, Antônio Pires Neto, o Pires Léda (sobrinho do velho Ariston Leda) e mais recentemente, logrou triunfo no certame municipal, com a vitória de seu primo Francisco das Chagas Milhomem da Cunha, o Chico Cunha, (filho do já falecido Antônio Joaquim) frente ao dissidente Pires Léda (substituido de última hora pela irmã Gilza Léda, devido a impossibilidade de registro de candidatura pela Justiça Eleitoral). Garantindo desta maneira, se tudo ocorrer de acordo com o previsto duas décadas de hegemonia temista, ou como o leitor preferir, dos Gonzagas da Cunha. Amados por uns, odiados por outros... Porém uma coisa é inegável – a história política de Tuntum se confunde com a história dessa família.


Por Gean Carlos Gonçalves

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