Por José Remy Alves e Silva
Agosto de
89, a exatamente 23 anos morreu em São Paulo aos 44 anos de idade, o pai do rock
brasileiro o maluco beleza Raul Santos Seixas, em 1973 o Edino, gentleman usher proprietário do nosso espaço
DANCE Clube dos 200, chega de Brasília com a novidade do momento, o disco do
Raul O Krig-Há, Bandolo! (na capa do disco trás o Raul com as mãos para cima,
sem camisa, magro esquelético, com um medalhão Hippie no pescoço, totalmente diferente
da turma da Jovem Guarda que era todos bem produzidos, bem vestidos e da turma
daTropicália que eram todos bem
coloridos), olhei a capa e comecei vê o nome das musicas: Mosca na Sopa, Rockixe,
Ouro do Tolo, Cachorro Urubu, Metamorfose Ambulante, nada de musicas com nomes melosos, açucarados, quem é esse maluco?! Põe pra rodar,
vamos ouvir, confesso que gostei e tornei- me fã imediatamente e comecei a
colecionar, montando um acervo. E é com muito orgulho e sem falsa modéstia que
discorro sobre esse fenômeno extraordinário, o carpinteiro do universo, lídimo
representante de uma geração musical que o creditou de altercador irreverente e
mistificador, e isso, se deve aos seus ideais filosóficos, metafísicos e
psicológicos. Raul Seixas, esse soteropolitano porreta ensandeceu a todos, com
sua indelével arte de criativa e Interpretativa, “eu nasci há dez mil anos
atrás, eu vi Cristo ser crucificado, eu vi Moisés cruzar o mar vermelho, Maomé
cair na terra de joelho, eu vi a arca de Noé cruzar os mares, vi Salomão cantar
seus salmos pelos ares, eu vi Pedro nega
Cristo por três vezes diante do espelho...” . Sobrepôs-se ao caótico modismo
“eu também vou protestar – mas é que
agora pra fazer sucesso pra vender disco de protesto todo mundo tem que
reclamar, por que eu foi o primeiro e já passou tanto janeiro, mas se todos
gostam eu vou voltar...” e ditou o ritmo rock baião, Let Me Sing, Let Me Sing
“Tenho 48 quilo certo, 48 quilo de Baião, Num tenho nada pra dizer também, só
vim aqui curtir meu rockzinho, Let Me
Sing. Let Me Sing...” ofertando seus generosos deboches “eu que não me sento no
trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dente esperando a morte
chegar...” entrelaçados com a sua veia poética, escrachada, mesmo depois de sua passagem para o Oriente Eterno,
Raul continua fazendo muito sucesso e influenciando novas gerações de roqueiros que, incluem jovens de todas as classes sociais, dos
grandes centros e de cidades interiorana e até religiosos, a sua música Tente outra vez hoje é cantada em igrejas católicas e evangélicas. Raul, após a
sua ida para a abóboda celeste permanece com suas musicas nas paradas de
sucesso de norte a sul do país e com inúmeros seguidores e covers espalhado
pelo Brasil afora divulgado e vivendo de sua arte, de seu legado.
Raulzito, o
Carpinteiro do Universo “Carpinteiro do Universo inteiro eu sou, não sei por
que eu nasci pra querer ajudar a querer consertar o que não pode ser...”viveu
intensamente cada melodia, brilhou com sua voz ágil e melodiosa distribuindo a
conjunção de sonhos e preencheu o espaço com notas musicais e partituras numa
combinação agradável de sons e voz que só ele sabia delinear. Mais, muito mais
que cantor, escritor, compositor e poeta, foi um visionário, pressentiu o belo,onde
havia rancor, disseminou esperança – onde a inércia moralreacionário imperava,
fincou a bandeira branca da paz com sua sociedade alternativa, sempre colocou Deus em suas músicas “Tenha fé
em Deus tenha fé na vida...”. Trouxe alento ao mundo bélico pregando a paz interior
e mundial.
Assintomático,
fez alusão ao renascimento do nosso movimento musical brasileiro respeitando
nossa MPB, exaltando as musicas de raízes como o Xaxado, baião, xote, sertanejo,
catira, rasqueado, vaneirãoe a musica brega que tornaram-se imortal,
perpetuando sua irretocável imagem por gerações subsequentes, sem desprezar os
nossos princípios musical até por que Raul foi executivo da CBS, a maior indústria fonográfica da época e produzio Jerry Adriani, Renato e seus Blue Caps etc. Respeitando sempre nossos ídolos bem como, Luiz Gonzaga,Jackson
do Pandeiro, o Rei Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Waldick
Soriano, Nelson Gonçalves, Martinho da Vila, Tônico e Tinoco, Altemar Dutra etc.
Ganhou o mundo, emprestou seu talento para causas Humanitárias. Sendo
garimpeiro da cultura, Raul Seixas ofertou ouro aosTolos que estavam
hipnotizados pela metamorfose ambulante,
“sobre o que eu nem sei quem sou, se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou,
se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor...” não quis ser prefeito (Cowboy
fora da lei –“Mamãe, não quero ser prefeito pode ser que eu seja eleito e
alguém pode querer me assassinar, mentir sozinho eu sou capaz... “e político
mente?”). Raul perdeu o medo da chuva“eu perdi o meu medo, meu medo da chuva... Porque quando eu jurei meu
amor eu traí a mim mesmo...”. E numa bela Manhã tomou o trem das sete e fez
conexão com uma nave celestial
batendo asas e planando por todo
o cosmo rumo ao Oriente Eterno, levando alegria e
musicalizando milhões em todos os planos do universo. E assim o nosso anjo meio torto se foi do nosso meio, partiu
para o andar de cima mais deixou um legado para que jamais o esqueçamos.
remydamata@gmail.com
Também sou fã do Raul Seixas,por considerá-lo o maior pensador do seu tempo, ser autêntico, sem arrodeio ao dizer o que pensava sobre a conjuntuta nacional; tenho todas as suas músicas e faço um estudo vocabular e semântico de suas letras musicais.Gostaria muito de ter conhecido o Raul.Participo aqui em São Luís de um show em sua homenagem todo dia 21 de Agosto, no circo da cidade.
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