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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

RAUL, O MALUCO BELEZA

Por José Remy Alves e Silva                                                                                                                   



Agosto de 89, a exatamente 23 anos morreu em São Paulo aos 44 anos de idade,  o pai do rock  brasileiro o maluco beleza Raul Santos Seixas, em 1973 o Edino,  gentleman usher proprietário do nosso espaço DANCE Clube dos 200, chega de Brasília com a novidade do momento, o disco do Raul O Krig-Há, Bandolo! (na capa do disco trás o Raul com as mãos para cima, sem camisa, magro esquelético, com um medalhão Hippie no pescoço, totalmente diferente da turma da Jovem Guarda que era todos bem produzidos, bem vestidos e da turma daTropicália que eram  todos bem coloridos), olhei a capa e comecei vê o nome das musicas: Mosca na Sopa, Rockixe, Ouro do Tolo, Cachorro Urubu, Metamorfose Ambulante, nada de musicas com  nomes melosos,  açucarados, quem é esse maluco?! Põe pra rodar, vamos ouvir, confesso que gostei e tornei- me fã imediatamente e comecei a colecionar, montando um acervo. E é com muito orgulho e sem falsa modéstia que discorro sobre esse fenômeno extraordinário, o carpinteiro do universo, lídimo representante de uma geração musical que o creditou de altercador irreverente e mistificador, e isso, se deve aos seus ideais filosóficos, metafísicos e psicológicos. Raul Seixas, esse soteropolitano porreta ensandeceu a todos, com sua indelével arte de criativa e Interpretativa, “eu nasci há dez mil anos atrás, eu vi Cristo ser crucificado, eu vi Moisés cruzar o mar vermelho, Maomé cair na terra de joelho, eu vi a arca de Noé cruzar os mares, vi Salomão cantar seus salmos pelos ares, eu vi  Pedro nega Cristo por três vezes diante do espelho...” . Sobrepôs-se ao caótico modismo “eu também vou  protestar – mas é que agora pra fazer sucesso pra vender disco de protesto todo mundo tem que reclamar, por que eu foi o primeiro e já passou tanto janeiro, mas se todos gostam eu vou voltar...” e ditou o ritmo rock baião, Let Me Sing, Let Me Sing “Tenho 48 quilo certo, 48 quilo de Baião, Num tenho nada pra dizer também, só vim aqui curtir meu  rockzinho, Let Me Sing. Let Me Sing...” ofertando seus  generosos deboches “eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dente esperando a morte chegar...” entrelaçados com a sua veia  poética, escrachada,  mesmo depois de sua passagem para o Oriente Eterno, Raul continua fazendo muito sucesso e influenciando  novas gerações de roqueiros que, incluem  jovens de todas as classes sociais, dos grandes centros e de  cidades interiorana  e até religiosos, a sua  música Tente outra vez hoje é cantada em  igrejas católicas e evangélicas. Raul, após a sua ida para a abóboda celeste permanece com suas musicas nas paradas de sucesso de norte a sul do país e com inúmeros seguidores e covers espalhado pelo Brasil afora divulgado e vivendo de sua arte, de seu legado.
Raulzito, o Carpinteiro do Universo “Carpinteiro do Universo inteiro eu sou, não sei por que eu nasci pra querer ajudar a querer consertar o que não pode ser...”viveu intensamente cada melodia, brilhou com sua voz ágil e melodiosa distribuindo a conjunção de sonhos e preencheu o espaço com notas musicais e partituras numa combinação agradável de sons e voz que só ele sabia delinear. Mais, muito mais que cantor, escritor, compositor e poeta, foi um visionário, pressentiu o belo,onde havia rancor, disseminou esperança – onde a inércia moralreacionário imperava, fincou a bandeira branca da paz com sua sociedade alternativa,  sempre colocou Deus em suas músicas “Tenha fé em Deus tenha fé na vida...”. Trouxe alento ao mundo bélico pregando a paz interior e mundial.
Assintomático, fez alusão ao renascimento do nosso movimento musical brasileiro respeitando nossa MPB, exaltando as musicas de raízes como o Xaxado, baião, xote, sertanejo, catira, rasqueado, vaneirãoe a musica brega que tornaram-se imortal, perpetuando sua irretocável imagem por gerações subsequentes, sem desprezar os nossos princípios  musical  até por que Raul foi executivo  da CBS, a maior indústria  fonográfica da época e  produzio  Jerry Adriani, Renato e seus Blue Caps etc.  Respeitando sempre  nossos ídolos bem como, Luiz Gonzaga,Jackson do Pandeiro, o Rei Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Waldick Soriano, Nelson Gonçalves, Martinho da Vila, Tônico e Tinoco, Altemar Dutra etc. Ganhou o mundo, emprestou seu talento para causas Humanitárias. Sendo garimpeiro da cultura, Raul Seixas ofertou ouro aosTolos que estavam hipnotizados  pela metamorfose ambulante, “sobre o que eu nem sei quem sou, se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor...” não quis ser prefeito (Cowboy fora da lei –“Mamãe, não quero ser prefeito pode ser que eu seja eleito e alguém pode querer  me assassinar,  mentir sozinho eu sou capaz... “e político mente?”). Raul perdeu o medo da chuva“eu perdi o meu medo, meu  medo da chuva... Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo...”. E numa bela Manhã tomou o trem das sete e fez conexão com uma nave celestial  batendo  asas e planando por todo o cosmo rumo ao Oriente Eterno, levando alegria e musicalizando milhões em todos os planos do universo. E assim o nosso  anjo meio torto se foi do nosso meio, partiu para o andar de cima mais deixou um legado para que jamais o esqueçamos.



 remydamata@gmail.com

Um comentário:

  1. Também sou fã do Raul Seixas,por considerá-lo o maior pensador do seu tempo, ser autêntico, sem arrodeio ao dizer o que pensava sobre a conjuntuta nacional; tenho todas as suas músicas e faço um estudo vocabular e semântico de suas letras musicais.Gostaria muito de ter conhecido o Raul.Participo aqui em São Luís de um show em sua homenagem todo dia 21 de Agosto, no circo da cidade.

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