O presidente do Tribunal de Contas do
Estado do Maranhão (TCE/MA), conselheiro Edmar Cutrim, protocolou nesta
sexta-feira (03) na superintendência da Polícia Federal, em São Luís,
pedido de investigação para apurar possíveis escutas telefônicas ilegais
(não autorizadas judicialmente) promovidas pelo Gabinete Militar do
Governo do Estado, cumprindo determinação da governadora Roseana Sarney
(PMDB).
Cutrim também solicitou providências
sobre a invasão da governadora à sua residência, fato ocorrido na última
quarta-feira (01), minutos depois da gravação feita pela própria
Roseana e utilizada, no dia seguinte, pelo candidato do seu grupo
político, Lobão Filho, também do PMDB.
A medida foi adotada por Edmar Cutrim
depois que a própria governadora, em nota oficial divulgada à imprensa
ontem, afirmou que solicitou que a sua “segurança acompanhasse uma
ligação telefônica, inclusive gravando a mesma, que ela teria feito ao
conselheiro”.
“O que aconteceu foi uma afronta as
instituições públicas brasileiras e ao cidadão livre. Não podemos
admitir que o Governo do Estado use sua estrutura para invadir a
privacidade das pessoas. Por isso, vim até a Polícia Federal pedir que
este ato seja investigado de forma rigorosa”, afirmou Cutrim, que
entregou à delegada Janaína Gadelha farto material sobre o caso,
incluindo vídeos e documentos que comprovam a cronologia dos fatos.
Após a gravação, de acordo com a própria
governadora na nota oficial, Roseana se dirigiu à residência do
conselheiro, no Turu, onde, de maneira abrupta e acompanhada de
policiais, dentre eles o secretário chefe do Gabinete Militar,
tenente-coronel José de Ribamar Vieira, invadiu a casa com o objetivo de
tomar satisfação pelo fato do prefeito de São José de Ribamar, Gil
Cutrim, filho de Edmar, ter declarado apoio ao candidato do PC do B,
Flávio Dino.
Roseana, ainda no seu comunicado a
imprensa, confessou que encaminhou a gravação ilegal e obtida através do
suposto grampo à coligação Pra Frente Maranhão, cujo candidato, Lobão
Filho, a utilizou , de maneira maldosa e sem nenhuma prova, para se
promover eleitoralmente.
O possível grampo plantado pelo Governo
do Estado para manchar a reputação do conselheiro, a imagem da
instituição Tribunal de Contas do Estado do Maranhão e beneficiar
eleitoralmente o grupo político da governadora figura como grave
violação constitucional, podendo ter havido também interceptação
telefônica indevida, crime previsto no artigo 10 da Lei 9296.
Além disso, traz à tona um provável
esquema de arapongagem contra agentes públicos promovido por membros do
Governo do Estado nesta reta final da campanha eleitoral.
JonhCutrim
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