Durante quase uma década, Rafael Ângulo
Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia
da capa da Revista Veja, executou o trabalho de entregar dinheiro vivo
como pagamento em domicílio aos participantes de esquema de corrupção.
Ele era o distribuidor da propina que a
quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo
atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como
deputados, senadores, governadores e ministros.
Braço-direito do doleiro Alberto
Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”.
Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos
comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca
ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai
Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
De acordo com a edição da semana da
Revista Veja, Rafael Ângulo Lopez, pagou R$ 900 mil em propina a
governadora Roseana Sarney nas dependências do Palácio dos Leões. Ele
veio três vezes ao Maranhão, carregando R$ 300 mil de cada vez. A bolada
foi entregue ao ex-chefe da Casa Civil, João Abreu, dentro da sede do
executivo estadual.
Roseana Sarney aparece no escândalo da
Operação Lava Jato desde a deflagração da operação, em março passado.
Não por acaso, Alberto Youssef foi preso pela Polícia Federal no Hotel
Luzeiros. De acordo com os depoimentos colhidos pela polícia, para
liberar o pagamento do precatório de R$ 120 milhões da Constran, o
governo do Maranhão teria exigido R$ 6 milhões em propina. Cabia a
Youssef confirmar o acordo.
Roseana ainda é citada como beneficiária
de propina no depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras,
Paulo Roberto Costa, que também fez acordo de delação premiada com a
justiça. Sem foro privilegiado, a filha do oligarca José Sarney pode ser
presa a qualquer momento.Domingoscosta
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