Parte da região do sertão de Tuntum recebeu hoje com pesar a notícia do falecimento do pecuarista Fernando Antônio de Andrade Pinto Lisboa, 81 anos, ocorrido na noite de ontem em Recife, Pernambuco. Em conformidade com informações repassadas ao blog do Lobão, Pinto Lisboa sofreu um infarto, sendo logo em seguida levado a uma casa de saúde, porém, chegou sem vida.
O grande pecuarista, talvez o maior de Tuntum e região, conforme relatos, teria tido em um passado recente um sério problema de Covid-19, lhe deixando sérias sequelas. Em face dos problemas da doença, ele havia deixado de vim as suas fazendas, encravadas entre os povoados Mato Verde e Belém do Maranhão, no município de Tuntum-MA, durante um bom tempo. Já bem recuperado da enfermidade e se achando capaz de fazer a viagem ao Maranhão, Fernando Lisboa teria programado sua visita de ontem para hoje, entretanto, foi acometido inesperadamente pelo mal súbito.
A prefeitura de Paulista-PE, onde tinha empreendimento, decretou luto oficial de três dias, a partir dessa segunda-feira (2). Fernando Lisboa, naquela região do estado, era conhecido como Dino do Frango Formoso. O decreto que deu publicidade a medida, diz que "reconhece a trajetória e o legado do empresário, figura de grande relevância para a história econômica e social do município.
O fazendeiro, muito respeitado e conhecido na região do sertão tuntuense, passou a ganhar maior notoriedade no município, no ano de 2002 quando foi envolvido em um sério problema com os trabalhadores Sem Terra daquela região. As fazendas do pecuarista tomava quase toda extensão do povoado Belém do Maranhão, deixando a comunidade quase que "ilhada" e os moradores com pouca alternativa e opção de trabalho, ocorrendo durante esse ano a invasão de uma de suas áreas.
Liderado pelo líder camponês Josivan Carvalho Bílio, o Josivan Sem Terra, o movimento reivindicava a desapropriação de parte de uma de suas fazendas. Diante da pressão dos trabalhadores rurais, Fernando Lisboa foi com urgência ao povoado negociar diretamente a desocupação da área invadida, firmando posteriormente sua desapropriação junto ao Incra.
A atitude de Pinto Lisboa, para o povoado, foi uma redenção econômica, passando a ser em pouco tempo um meio de transformação social, melhorando vidas e tirando muita gente da miséria com a chegada paulatina da prosperidade, fomentada pelos programas do Governo Federal. Com o acordo entre Fernando Liboa, "posseiros" e Incra, o povoado Belém do Maranhão tornou-se a povoação mais próspera do município, dando oportunidades a quem vivia no anonimato e sem perspectivas de trabalho, transformando centenas de pequenos trabalhadores em proprietários e produtores.
Não há como não reconhecer que a atitude de Fernando Lisboa ao ceder a desapropriação, mesmo se sentido ferido, não tenha dado um novo rumo de vida e prosperidade ao povoado Belém e sua gente. À época, ele tinha tudo para levar o caso a justiça e pedir a justa reitegração de posse, contudo, não o fez, preferiu se despir do egoísmo e ser mais humano e abrir novos horizontes a muitos descamisados que sonhavam com um pedaço de terra para produzir e mudar suas vidas.
Teve boa ação
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