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José Remy Alves e Silva |
As brincadeiras das
crianças de hoje e de antigamente são bem diferentes, a molecada hoje tem: iPod,
iPad, iPhone, lap top, lan house, ou seja, é a famosa geração eletrônica já
nascendo com o DNA da cibernética e manuseando essas gerigonças com uma
maestria tamanha que dá inveja. Jogam, enviam torpedos, fazem corridas em carros
imaginários, pilotam aviões, tiram fotografias e inserem em outras
parafernálias através de técnicas que eles vão descobrindo, como diria os peões
antigamente: Vôote! É, mais eu não troco pelas brincadeiras de antigamente,
como jogo de peteca, você com direito a platéia e uma boa pontaria quicar de
longe a peteca (as bolinhas de gude que nós chamávamos de peteca) do adversárioou
as bicadas de um pião sobre o outro. Pião – (as bicadas): Fazíamos uma espécie
de “cabresto” no pião do vencedor e amolava a ponta do prego na calçada até
ficar afiada e começava a massacrar o pião do adversário que chegava a partir
ao meio sob o aplauso dos estudantes, isso acontecia sempre antes das aulas (no
intervalo) e até depois delas, em frente aos colégios Bandeirante, Paróquial,
Isaac Martins (o Grupo Velho).
Em Tuntum na minha
infância empinávamos papagaios e os fazíamos com varetas de buriti, bambu,
taboca, cola e papel de seda; depois fazíamos a rabiola; linha boa era a linha
corrente número 10 que comprávamos nos comércios do Manoelzinho da assunção, Zé
Felinto e do seu Dedé e após, corríamos pela rua aonde os embates aconteciam.
Realizávamos as manobras, fazia o bicho embicar para cortar a linha dos outros
papagaios, nos transformava em heróis ou bandidos, se o papagaio não atingisse
a perfeição do movimento ou da manobra tentada. Não sabíamos dos riscos que o
cerol trazia (cerol era uma mistura de cola “grude feito de tapioca” com vidro
moído de preferência de injeção que pegávamos nas lixeiras dos hospitais ou das
farmácias de dona Rita Coelho, dona Inocência, seu Dodô e do Zequinha
Enfermeiro). Outra arma secreta era uma Gilette implantada no final da rabiola do papagaio para corta
linha com cerol. Não recordo de algum acidente ou incidente, ainda que fossem
utilizados em profusão. O anjo da guarda dos papagaieros nos protegiam! Hoje, é
certo que jamais permitiria o uso dessas verdadeiras “armas”.
Derrubar, abater o
papagaio do outro refletia uma conquista, e a garotada, os sem papagaio ficavam
a espreita, torcendo para aqueles que estivessem cortando, ou seja, guerreando,
cruzando com outros papagaios, com o cerol implantado nas suas linhas ou com as
Gilettes nas rabiolas derrubasse o mais rápido possível um papagaio que era
para eles entrarem na brincadeira, quando acontecia o abate, tinha a desabalada
correria buscando alcançar o papagaio verdadeiro troféu, que jamais seria
reclamado pelo antigo dono e com isso
meus camaradas, os quintais eram invadidos e aí, de quebra e de boa fé
se furtava uma goiaba, abacate,
carambola, caju, tangerina, manga, o sal
com pimenta do reino já andava no bolso, isso, era estratégico. Agora, tinha um
mas: quem derrubasse o papagaio do outro e se ele viesse
enroscado na linha do seu objeto flutuante, você era aplaudido e passava a ser
o dono do despojo do adversário vencido.
Aos sábados e
domingos aconteciam os banhos de riacho que começava pelo poço do velho (o poço
do velho Jorge ficava atrás da cadeia) nesse trecho tinha um barranco de
massapé onde fazíamos um deslizador tipo
tobogã que era para descer até a água. Nos demais trecho do riacho que ia até o
pubeiro tinha arvores altas (palmeiras, ingás, sapucaias, atracas, jatobá, cajá
e as rasteiras, cananpú, melancia da praia, serigoela etc.) que cobriam todo
trajeto do riacho como uma cúpula de uma catedral, e as gotas d’água que descia
pelas raízes emergente dos paredões areníticos caiam no leito do riacho que era
quase todo de pedra e formava cacimbas, e tinha a cacimba do pinga, da Otília,
do velho Julião e a mucuiba e após você
chegava no porção e no pubeiro, esse trajeto era feito tomando banho,
passarinhando, (naquela época não tínhamos a consciência da preservação da
fauna e da flora) pescando: Piaba, bodó, cará, tabaco doido, mandi e comendo frutas silvestres, e o bom era quando atingíamos
a área entre o poção e o pubeiro, nesse trecho tinha a vazante do tio Alípio
que era uma quinta com uma cacimba e muitas frutas. Obs: Essa dádiva que a
natureza nos legou (as pedras retiradas desses paredões e do leito do riacho
servem hoje de alicerces para as residências, outras edificações e pavimentações das ruas. A precursora dessa
destruição – “pasmem” – foi a igreja católica de Tuntum, o nosso templo foi
construído todo em pedra retirado dos paredões e do leito do riacho, todas
essas destruições foram capitaneada pelos padres capuchinhos – debita-se
também, como vilão dessa destruição o velho Julião que se intitulava dono das
pedreiras do riacho) foi destruída e mais tarde contaminada pelo poder público
haja vista, a falta de saneamento básico “fossas assépticas” aterro sanitário,
pelos moradores que residem as margens do riacho e pelos empresários donos de
cerealistas (usinas de arroz) e de serrarias, os vilões da historia são: Luiz
Gonzaga, Manoel Valente, Alípio Coelho, Abelardo Ferreira, Gerardo Urucu, Zé da
Mata, Antônio Joaquim, Raimundo Cunha, João Ferreira, Carlito Cunha,
Franckalino, Cornélio Noleto, clinica São Jose e Hospital Hermes Cunha, etc.,
que despejavam direto no leito do riacho, palha de arroz, pó de serra e outros
excessos oriundos das usinas de arroz, serrarias, lixo domestico e o pior!!
Lixo hospitalar, contaminando uma água de mesa, transparente, límpida, inodora,
cristalina própria para o consumo, e com certeza sem a necessidade de exame
bacteriológico.Na época não havia uma política AMBIENTAL, por parte do
executivo municipal, nem se quer, SE FALAVA EM PRESERVACÃO DE MEIO AMBIENTE,
portanto conscientizar esses empresários, quanto ao futuro desse manancial, que
hoje lamentavelmente agoniza ferido de morte, com certeza, isso nunca foi
ventilado, eles nunca atentaram para esse desfecho e nem um tipo de alerta foi
dado a esses cidadãos. (só nos resta lamentos).“Na cidade de morros próximo aos
lençóis maranhense, tem o hotel casa de pedra nesse hotel, tem um riacho com as
mesmas características do riacho de Tuntum, vale apena conferir”.
Os banhos, essa
farra toda tinha hora para acabar principalmente aos sábados, por que a partir
das dezesseis horas em ponto começava o catecismo e a igreja ficava repleta
fervilhava de crianças ( os moleques – e o Frei Dionísio muito pontual dava
inicio a pregação tratando todos de modo inteligente e sensível que era para
harmonizar o ambiente e acabar com a algazarra “mulher do lado direito e homem
do lado esquerdo tudo isso monitorado pela Nozinha”, só que você colocar no
mesmo espaço o Elimar, Gardênio, Pedro Rones, Junior do Gerado, Zé Brugueia,
Nego Silva, Wagno Lobão, Chiquinho Andrade, Alexandre, Idaspe, Zé Neto, Ligon,
João José, Chico Engole, Gessé pacará, Zamba, Gessé do Abelardo, Zé Pinheiro,
João do Ozano, Francês, Zaquinha, Pé de
Pega, Zeca do Irineu, Djalma do Júlio Dantas, Raimundinho Bacabal e outras
figuras que não me recordo no momento, só o nosso Frei para manter essa moçada sobre
controle, mais de vez em quando o clima era desarmonizado com os PEIDOS (se
fedesse muito era bufa) do Elimar e do Zé Brugueia). O catecismo era ministrado
com um projetor de slides, era o que tinha de mais moderno em Tuntum, na época
poucos se quer conheciam um aparelho de televisão era como se hoje desposemos
de um painel de Led esses utilizados nos estádios.
E, após íamos jogar
futebol, alias, jogo de futebol tinha todos os dias pelos campos da rua do
Ariston, baixa da égua, no pátio dos colégios, rua do Zé Preto, rua da bosta,
pubeiro, poção, Maria Cosme, São coquita e com a construção do estádio Dom
Adolfo Bossi, obra do grande empreendedor Frei Dionísio, as peladas passaram a
ser concentrada no nosso moderno estádio. E a bola, ora! A bola podia ser de
meia, de borracha, de couro que naquele
tempo vinha com encordoamento ao meio, como se fora um fecho, que as fazia
correr como estivesse meia torta, o esférico objeto moderno só chegou em Tuntum
tempos depois, não tínhamos chuteira e valia tudo, pés descalço, ki chute,
tênis, sapato etc.
As brincadeiras de
hoje com essas parafernálias disponível por técnicas modernas, sinceramente a
meu ver não dá a desenvoltura para as crianças como a brincadeiras de
antigamente.