De O Estado Maranhão:
Luto marcado por indignação e sede de justiça. Esse foi o cenário da passeata de protesto realizada ontem na Avenida Litorânea pelos familiares e amigos de Solange Maria Cruz Coelho e o sobrinho dela, de 13 anos, Ubiraci Silva Nascimento Filho, mortos por atropelaamento na noite de sábado (5). O motorista Rodrigo Araújo Lima, 22 anos, que dirigia o Toyota Corolla Prata, placa HPT-2549, em alta velocidade, foi solto após pagar fiança de R$ 6 mil.
Fotos: De Jesus/O Estado Maranhão
Mais de 500 pessoas se concentraram no ponto exato do acidente. Amigos da escola de Ubiraci Filho e professores rabiscaram no asfalto mensagens de carinho e solidariedade. “É o momento de chamar atenção para o descaso da Justiça, que libertou um assassino”, declarou indignado Ubiraci Silva Nascimento, que perdeu o filho.
O marido da outra vítima, Oswaldo Coelho de Souza, disse que o responsável pelo atropelamento nem deveria dirigir, de acordo com a lei. “O veículo não era dele, tem sete multas e há três anos que o IPVA não é pago. Por isso, peço justiça”, disse.
Faixas e cartazes com palavras de paz mobilizavam quem passava pela Avenida Litorânea. “É impossível a sociedade se calar diante de tamanha brutalidade. Temos que levantar a bandeira da justiça e de um trânsito seguro”, disse Maria do Carmo Lima, amiga de uma das vítimas.
Ubiraci Silva Nascimento disse que é importante que a mobilização de combate a violência no trânsito seja permanente. “Agradeço a solidariedade dos parentes de outras vítimas de trânsito e insisto para que possamos unir forças contra a irresponsabilidade e imprudência que leva vidas inocentes”, ressaltou o pai de Ubiraci Filho.
Outras vítimas
Na caminhada por justiça e paz, outras pessoas que já perderam familiares vítimas de trânsito mostraram solidariedade e indignação com a liberdade do autor do atropelamento, o estudante Rodrigo Araújo Lima. “Perdi a minha irmã há 15 anos, quando chegava em casa. O motorista que a matou dirigia a mais de 140 km/h e até hoje a Justiça não deferiu nenhum resultado das investigações. Ele [o condutor] continua solto”, denunciou a empresária Rosa Maria Carvalhal.
Também muito emocionado, o comerciante Jorge Cunha, com fotos do filho de 4 anos João Victor da Cunha, morto há um ano, pedia por justiça. “Há um ano meu filho foi atropelado na praia do Araçagi, e o juiz da Comarca de São José de Ribamar nunca deferiu o laudo inicial para definir se o acidente foi culposo ou doloso. Enquanto isso, nós, familiares, sofremos indignados”, protestou Jorge Cunha.
Muito emocionados e com apitos para chamar atenção da população, amigos de escola de Ubiraci Filho cantavam músicas religiosas durante a passeata. “Sem dúvida, ele vai deixar uma saudade grande, mas sempre vamos lembrar dele com carinho e alegria”, disse Pedro Henrique Santos, amigo de escola da vítima.
Acusado se apresenta na delegacia de trânsito
O estudante universitário Rodrigo Araújo Lima, acusado de ter atropelado e matado duas pessoas da mesma família no sábado (5), na Avenida Litorânea, em São Luís, se apresentou na manhã de ontem na Delegacia Especial de Trânsito, na Beira-Mar, para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. Ele foi posto em liberdade logo após ter pago uma fiança no valor de R$ 6 mil depois do acidente daquela noite.
Segundo Frederico Carneiro, advogado do estudante, Rodrigo Araújo contou em seu depoimento que no dia do acidente passou a manhã toda em casa. Por volta das 20h, o universitário foi até a Avenida Litorânea na companhia de um amigo para fazer um lanche. Já voltando para a casa, ele passou por uma barreira eletrônica onde foi registrado uma velocidade de 60km/h. Depois disso, acelerou um pouco mais, chegando próximo aos 80km/h. Foi nesse momento que o estudante avistou duas pessoas atravessando a pista e, na tentativa de desviar delas, perdeu o controle do carro, subiu no canteiro central e colidiu violentamente com o poste de energia.
De acordo com o advogado, o estudante não soube dizer se colidiu primeiramente com o poste ou com as duas pessoas. “O Rodrigo disse que tudo aconteceu muito rápido, em uma fração de segundos. Por isso, ele não soube dizer precisamente se colidiu primeiro com o carro ou com as duas pessoas”, afirmou Frederico Carneiro.
Faróis desligados
Com relação às acusações de que o estudante estaria conduzindo o veículo com os faróis desligados, Carneiro afirmou que tais denúncias não têm fundamento. “Era impossível que ele estivesse com os faróis do carro desligados. O Rodrigo fez um longo percurso, de sua casa até a Litorânea, com todos os faróis do veículo acesos”, disse.
O advogado contestou também as acusações de que Rodrigo Araújo estaria conduzindo o carro sob o efeito de álcool. Segundo o advogado, logo após o acidente, já na delegacia, o estudante realizou os testes de reflexo e o resultado foi negativo para a embriaguez. “Foi por esse motivo que a delegada concedeu a liberdade para o meu cliente mediante o pagamento de fiança”, disse.
OBS: as vítimas tinham parentes em Tuntum