De
forma serena, o senador Lobão Filho (PMDB), recebeu a reportagem de O
Imparcial esta semana para falar do resultado final das urnas no
Maranhão. Em primeiro lugar, ele afirma que não é possível dizer que ele
saiu derrotado das urnas, afinal ele recebeu um milhão de votos,
segundo ele, os quais são exclusivamente dele, pois lhe faltaram
diversos apoios, principalmente do governo, que acabou não se tornando
parceiro, por conta de problemas internos.
O candidato a
governador pelo PMDB, ainda aponta a crise da Petrobras, os ônibus
incendiados e a falta de pagamento de convênios como fatores
determinantes na sua derrota. Porém ele afirma, que apesar da não
parceria do governo, não fica nenhuma mágoa com a governadora, mas sim
um sentimento de compreensão. Já Dilma, ele diz que a presidente foi
injusta com ele, ao contrário de Lula que adotou uma postura fantástica.
O
senhor acredita que a crise da Petrobras lhe atrapalhou, mas por qual
motivo não acabou interferindo na votação da Dilma Rousseff?
Boa
pergunta. Nós vínhamos numa crescente na campanha. Monitorávamos os
números, principalmente em São Luís e em Imperatriz. Quando a saiu a
pesquisa Ibope, no sábado estávamos a 10 pontos do nosso adversário, no
mesmo eclodiram as denúncias em relação a Petrobras. Nos quatro dias
seguintes, eu caí mais de 20 pontos em São Luís e em Imperatriz mais de
20, a diferença na capital chegou a ser de 4 pontos, antes da denúncia.
Então aqui impactou demais minha eleição, principalmente nesses dois
centros. O fato de ter sido o meu pai citado naquela delação e não a
Dilma, impactou diretamente a minha candidatura e não a dela.
Existiram outros motivos para a sua derrota?
Depois
disso vieram várias ocorrências, ônibus pegando fogo, o problema de
Pedrinhas. Mas acredito que o que mais me atrapalhou foi a expectativa
dos convênios que foram firmados com o governo e não foram cumpridas
este ano. Tanto que surgiu o discurso de que não podia se empenhar na
minha campanha, pois os recursos para as obras não estavam chegando e
assim não teriam como defender o governo e a minha candidatura que
estava vinculada. Aí você soma tudo isso, ao desejo de mudança e chega
ao resultado que foi apontado pelas urnas. Eu fiz uma campanha leonina,
sem dinheiro, corajosa, em um estado que tinha um sentimento pró-Flávio
Dino e eu andei cerca de 40 municípios por mês, totalizando 160.
O senhor poderia então afirmar que faltou empenho da governadora na sua candidatura? Faltou ajuda dela?
Não
posso dizer isso. O que posso dizer é que ela enfrentou problemas muito
grandes em seu governo, o que lhe impediu de estar comigo na campanha.
Ela foi comigo em três comícios. Eu fiz uma campanha sozinho.
E mesmo fazendo sozinho, o senhor acredita que saiu derrotado?
Eu
não saí derrotado, eu tive quase 1 milhão de votos. Dentro dessas
condições que já lhe apresentei, acredito que esses votos são meus e não
do governo, que foram depositados em minha confiança, por conta do meu
trabalho. Agora ninguém mais pode dizer que eu sou um senador sem votos.
Esses quase um milhão de votos lhe credenciam para ser a liderança desse grupo. O senhor deseja ocupar esse posto?
Eu
agora tenho que voltar pra minha casa. Eu agora vou refazer a minha
vida. Eu não quero pensar em política agora. É claro que não posso
abandonar as amizades e compromissos que fiz. Vou permanecer como
cidadão, mantendo acesa essa chama da amizade construída ao longo desse
caminho. Mas eu não tenho mais nem vontade de permanecer no Senado. Por
mim, quero que meu pai volte a ocupar sua vaga e eu retome meus
negócios. Então não tem essa visão de permanecer como oposição no
Senado. Então deixa o quadro político se estabilizar para eu pensar
melhor.
Daqui dois anos teremos eleição para prefeito. Sua
votação dentro de São Luís foi expressiva. O senhor se considera
credenciado para entrar nessa disputa?
Jamais.
Qual o motivo do desinteresse nesse cargo?
Deixa
eu lhe explicar. Eu não escolhi esse caminho para mim. Do fundo da
minha alma lhe digo com toda sinceridade, se eu não tivesse naquele
hospital, naquele quarto, naquele estado de saúde, se não tivesse um
conjunto de coisas, eu jamais teria sido candidato. Não é por conta da
dificuldade, mas é por não entender que isso era pra mim. Aceitei, pois
entendi como um chamado de Deus. Aí você pode me perguntar, se eu me
arrependo, eu digo com toda clareza, não me arrependo. Agora também não
posso negar a você, que ter andado pelo interior do meu estado como
candidato majoritário, mexeu comigo. Ver as pessoas, as crianças,
abraçando e chorando. Mulheres e homens. Essa experiência muda a gente e
me mudou. Eu tinha um propósito de mudar o Maranhão de verdade. Mas
essa não foi a vontade do povo e nem de Deus. Então vou fazer o que eu
puder para ajudar. Agora eu me candidatar a prefeito não há menor
hipótese.
O senhor acha que se tivesse descolado da família Sarney, teria uma votação melhor?
Só
teria uma forma disso acontecer, se eu brigasse com Roseana. E eu não
iria brigar com a governadora para me favorecer, afinal seria uma falta
de caráter enorme. Existiam limites que eu não avançaria para me tornar
governador. Me acusaram de forjar aquele vídeo. Eu jamais faria aquilo.
Sobre hipótese nenhuma eu faria aquilo. Mesmo se prometessem a vitória,
eu não faria. Eu saio dessa eleição com a consciência tranquila. Sai
limpo dessa eleição. Não me comprometi com ninguém. A minha campanha foi
pobre financeiramente, de apoios políticos dúbios e de 217 prefeitos,
eu só tive de 10 a 15 me apoiando firmemente. Eu tive que sobreviver a
isso tudo, mas foi meu destino e me rendo a ele.
ImparcialLuispablo