Por *Flávio Dino
O Maranhão atravessou todo o século 20
sofrendo as graves consequências do patrimonialismo e do coronelismo, em
uma proporção que nenhuma outra unidade da nossa Federação jamais
viveu.
O resultado mais nítido desse ciclo é
conhecido de todo o Brasil: os piores indicadores sociais do país,
produtos desse amálgama entre regime oligárquico tardio e uma desastrada
“modernização” baseada em enclaves econômicos.
Desde 1º de janeiro, nosso desafio é
virar essa página, fazendo com que o Maranhão seja capaz de gerar um
ciclo de direitos que cheguem até a casa de todos. Para isso, o passo
inicial é afirmar um novo projeto de desenvolvimento, baseado na alta
qualidade das despesas públicas e na ampliação dos investimentos
privados.
Visando garantir a concretização dessas
metas, adotamos, no primeiro dia de governo, medidas como a criação da
Secretaria de Transparência e Controle e do Conselho Empresarial do
Maranhão (há que se frisar: sem a criação de um único cargo público a
mais).
A Secretaria de Transparência e Controle
funciona nos moldes da CGU (Controladoria-Geral da União), com uma
atuação preventiva –no que se refere aos gastos do novo governo– e
investigativa, no tocante aos diversos e gravíssimos indícios de mau uso
do dinheiro público no Maranhão.
Apenas para citar o caso mais recente,
lembro as transações entre o doleiro Alberto Youssef e o governo do
Maranhão, envolvendo cifras superiores a R$ 100 milhões.
Já o Conselho Empresarial do Maranhão
reúne o governador e os secretários com as principais entidades
empresariais do Estado, com pautas voltadas à remoção dos entraves para a
ampliação da atividade econômica no nosso território. Vinculadas ao
conselho, criamos as câmaras setoriais das principais cadeias produtivas
aqui instaladas ou para as quais somos vocacionados.
Temos a expectativa também da retomada
vigorosa de um importante projeto nacional hoje em ritmo lento: o Centro
de Lançamento de Alcântara, que queremos transformar, com políticas
complementares, em um polo de geração e irradiação de tecnologia para o
desenvolvimento do nosso Estado.
O Maranhão tem vantagens competitivas
únicas, tais como o complexo portuário brasileiro mais próximo dos
grandes mercados consumidores do planeta, energia e água abundantes.
Chegou a hora de usar esse patrimônio a favor do povo maranhense.
Nesses primeiros dias de governo, além
de organizar o caos administrativo reinante, uma causa tem mobilizado
todos os nossos esforços: a educação. Lançamos o programa “Escola
Digna”, para eliminar as escolas de taipa e palha no Maranhão, e vamos
implantar uma rede estadual de educação profissional em tempo integral,
já começando neste ano de 2015.
Trilhando esse e outros caminhos, com o
enorme potencial que temos, tenho a convicção de que –nos próximos anos–
vamos finalmente colocar o Maranhão no século 21. E com isso
pretendemos contribuir para a recuperação da grandeza da política.
A política que é indignada com a
injustiça. A política feita com honestidade, que não é um fim em si
mesma, mas um instrumento para melhorar a vida das pessoas. A política
sem preconceitos, quando é hora de escolher a política pública mais
eficiente. A política que respeita as divergências, mas acredita na
união em torno dos grandes desafios de um povo.
Flávio Dino, 46, advogado, é
governador do Estado do Maranhão. Foi presidente da Embratur (governo
Dilma), juiz federal e deputado federal pelo PCdoB.