do blog do Itevaldo
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) entregou ontem
um levantamento com 125 casos de crimes de encomenda ocorridos no estado ao
corregedor-geral de Justiça, desembargador Cleones Cunha. A solicitação dos
dados da CPT foi feita pelo desembargador na quarta-feira (dia 2). Dois dias
antes, o blog revelou que desde 1985, 121 pessoas foram assassinadas no
Maranhão. Até hoje, apenas dois casos foram julgados pela Justiça estadual, e
nenhum dos mandantes está preso (releia aqui).
“Os casos de pistolagem no interior me preocupam
muito. Por isso, fiz questão de receber esse levantamento para saber dos que
estão na Justiça. Os que já estiverem sob a responsabilidade dos juízes serão
dados andamento com urgência. Falarei pessoalmente com os juízes para dar
agilidade aos processos”, disse o corregedor-geral ao advogado da CPT, Diogo
Cabral.
O advogado Diogo Cabral disse que a iniciativa do
corregedor-geral pode fazer a diferença, apesar de um dado desanimador: mais de
50% das mortes registradas pela CPT não tiveram nem abertura de inquérito
policial. “Infelizmente, essa é a realidade. Mais da metade nem têm inquérito
policial. Em alguns casos, o inquérito não foi finalizado. Outros, a denúncia
foi oferecida à Justiça, mas o caso ainda não foi julgado”, revelou Cabral.
Em entrevista a O Estado (edição de
hoje), a delegada-geral no Maranhão, Cristina Menezes, contesta os números
da CPT. “Pistolagem passa por tomada ou manutenção no poder, de grupos que
contratam outros grupos armados, para essa manutenção. Eu entendo isso como
pistolagem. O que eu entendo que está acontecendo são alguns crimes por
encomenda, que, no entanto, não caracterizam exatamente a pistolagem. São todos
muitos distintos. Não há uma unidade entre eles”, afirmou à delegada.
A quase totalidade dos casos de assassinatos de
encomenda no interior do Maranhão está ligada ao conflito de terras, segundo a
CPT. “São casos de reintegração de posse, propriedade, desapropriação, grilagem.
Tememos até que isso se agrave, diante de alguns cenários e anúncios de
investimentos que temos acompanhado. Muito disso pode estar ligado à grilagem”,
afirmou Cabral
O desembargador Cleones Cunha ressaltou,
entretanto, que o cenário pode mudar diante de um exemplo de celeridade da
Justiça, divulgado na quarta-feira, 2. Em Bacuri, Edvaldo Silva, o executor do
quilombola Valdemilson Borges, o Zé, morto em outubro de 2011, já foi condenado
pelo homicídio, em júri ocorrido no dia 27 de abril, presidido pelo juiz Marco
Adriano Ramos Fonsêca. “Esse é um exemplo positivo, que deveria ser seguido,
diante da celeridade na resposta da Justiça”, comentou Diogo Cabral.
Veja a lista de trabalhadores rurais assassinados de 1985 a 2010
(Excel)
Acesse aqui a relação de trabalhadores rurais mortos no estado entre 1964 e
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