RICARDO BRITO – Agência Estado
A
despeito da barbárie na segurança pública estadual, com assassinatos e
decapitação de presos e ataques a ônibus ordenados por condenados nas
ruas de São Luís, o governo do Maranhão está preocupado em garantir os
festejos do fim do ano de 2014. O Estado planeja comprar 300 unidades de
panetones para abastecer as despensas das residências oficiais da
governadora Roseana Sarney (PMDB). A previsão é gastar R$ 4.425 com as
caixas de panetone.
Roseana também
deve dispor de 50 potes de foie gras de pato, uma iguaria da culinária
francesa feita à base do fígado da ave. Cada unidade de 115 gramas deve
custar R$ 28,13, ou cerca de R$ 1.400 todo o lote. O pregão para
escolher a empresa que vai fornecer produtos para as residências
oficiais e a Casa Civil do Maranhão está agendado para sexta-feira, 10,.
Estima-se que o gasto será de cerca de R$ 504 mil.
Nessa
licitação e em outra concorrência pública que também vai abastecer as
residências oficiais, marcada para esta quinta-feira, 09, o governo
estima gastar cerca de R$ 1,1 milhão. Essa verba corresponde a 3.113
vezes a renda per capita média de quem mora no Maranhão, Estado
brasileiro com o pior indicador. Segundo dados do Atlas do
Desenvolvimento Humano de 2013 divulgado pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (Pnud), os maranhenses têm renda de R$ 360,34,
menos da metade da média nacional, que é de R$ 793,87. Esse valor é
obtido pela soma dos salários da população dividido pelo número de
habitantes.
Primeira qualidade
O
edital contém uma lista 151 itens para a compra, cuja exigência é que
devem ser de “primeira qualidade e de marca conhecida nacionalmente”.
Estão previstos gastos de R$ 930 com 30 potes de geleias de pimenta e
outros 60 de geleias “francesas” nos sabores cassis, morango e pêssego. A
licitação também listou comprar 30 quilos de castanha portuguesa, ao
custo total de R$ 2,3 mil, outros 100 quilos de castanha de caju
“natural torrada e selecionada”, por R$ 5,2 mil, e ainda 50 quilos de
castanha do Pará “sem casca”, por R$ 2,9 mil.
Até
mesmo em itens mais de uso cotidiano, as quantidades e gastos chamam
atenção. O governo pretende comprar 1,4 tonelada de três variedades de
feijão: mulata gorda, preto e sempre verde. Só com esses grãos, o custo
estimado é de quase R$ 10 mil. No edital, consta uma defesa protocolar
da compra. “A contratação de empresa especializada no fornecimento de
gêneros alimentícios perecíveis para as Residências Oficiais do Governo
do Estado tem por finalidade atender a demanda de alimentação da
governadora, e seus familiares e da Casa Civil por um período de um
ano”, justifica o órgão responsável pela compra.