O presente texto foi fruto da monografia do Sr. Hélio Araújo, na
conclusaão do TCC do Curso Bacharelado em Direito. Hélio Araújo baseou sua
pesquisa em depoimentos, relatos e documentos colhidos em seus quase 50 anos de
Tuntum, filho da terra de coração.
Início
da Colonização do Território de Tuntum-
Maranhão
Situado as margens do riacho Tuntum, circundado por morros que
formam o prolongamento da serra do Amolar, viveram duas tribos indígenas que se
rivalizavam. As lutas eram constantes, até chegar ao ponto de uma
das
tribos ir para o Oeste, agrupando-se no hoje Município de Amarante do Maranhão. A outra tribo
composta de índios se agrupou no lugar hoje denominado Tuntum de Cima, eram os “Gaviões”, os primeiros habitantes do Tuntum de Cima, que se formou porque eles foram ameaçados pela presença de brancos que exploravam lavoura na povoação
que
se formava no lugar denominado Curador (atualmente o Município de
Presidente Dutra).
No lugar da hoje Tuntum de baixo, agrupavam-se os índios Canela que
rumaram para o sul, agrupando-se inicialmente as margens do riacho Mucura, lugar onde hoje se forma o Povoado São Lourenço; posteriormente se transferindo para
as margens do Rio Alpercatas, hoje Município de Fernando Falcão,
onde se assentaram e formaram a Aldeia do Ponto onde ainda vivem.
Não há uma hipótese consensual para a origem do nome do Município (carece de fontes), mas, contam os antigos moradores que a denominação Tum-
Tum (maneira como começou a ser escrito o nome da localidade) se deu pelos índios que moravam no Tuntum de Cima e ouviam através da água do riacho, o tom
produzido pelos índios Canelas que
batiam na pedra para
chamar a caça.
A fim de fugir do impaludismo (malária) que assolava os lugares mais baixos da região,
os moradores que vinham de
fora à procura de terras férteis para a lavoura, chegavam até a localidade através da serra do amolar, por ser lugar mais ventilado e mais
sadio.
Como os riachos não eram perenes e secavam na época de verão, ficando apenas poças, as famílias procuravam acampar junto aos olhos d’águas existentes que formavam brejos que eram numerosos na localidade o que mais
chamava a atenção dos exploradores que contavam com água boa e com abundância, como o caso do primeiro morador fixo que se conhece na história de sua formação, que aqui chegou em 1.890, que foi o lavrador José Naziozeno que, diferente dos demais, apenas se deslocou no mesmo Município de Grajaú, do lugar
Repartição, vindo morar às margens de um olho D’água, que posteriormente levou o nome de “Brejo do Caboclo Naziozeno”, em homenagem a seu nome, até porque, sendo um Cidadão de pele parda
escura e cabelos lisos e pretos, os índios o confundiam como
pessoa
de sua raça cabocla.
Doze anos após a vinda de José Naziozeno, aportou na localidade o senhor Manoel José que já havia passado pela região e vira que se tratava de terras próprias para o cultivo de lavoura e, com sua esposa Dona Alexandrina, construíram casebre próximo ao olho d’água Mucuíba, explorando roças nas margens esquerda do riacho Tuntum.
A fartura produzida pelo casal José e Alexandrina, chamou a atenção de
seus genros que moravam no Sul do Maranhão onde as terras eram menos
produtivas e que decidiram também se fixarem na localidade para explorarem
lavoura juntos ao sogro, em terras devolutas do Estado, os
Senhores Alípio e Manoel Benvinda (irmãos) e Anunciato Borges.
Com a vinda da família de Manoel José, propagou-se no Sul do Estado a
notícia da terra prometida, lugar de farta produção de arroz
e algodão em terras sem dono, trazendo para cá uma família de Passagem Franca do Maranhão, comandada
por Francisco dos Santos Carneiro que se estabeleceu nas margens do riacho Tuntum no ano de 1.906. Tratava-se de pessoas mais esclarecidas para a época e
com o
crescer da povoação uma sua filha conhecida por Santinha, passou a ensinar
as primeiras letras
aos meninos do lugarejo,
se tornando assim a primeira
professora de
Tuntum. Também era seu filho o Senhor Raimundo Carneiro, que foi reconhecido
pela Ordem dos Advogados do Maranhão, como Advogado Provisionado (Rábula),
prestando serviços nas comarcas de Grajaú, posteriormente em Barra do Corda,
Pedreiras e Presidente Dutra.
Tuntum começava a se projetar
como centro produtivo de arroz e algodão. Assim, o centro ia crescendo
na povoação e na produção. Em 1910 era a
vez de chagar ao lugarejo a família Coelho que se compunha de 12 pessoas,
formando um aglomerado
no lugar por eles denominado de “Baixa da Égua”, onde
edificaram suas residências já construídas com alvenarias de taipa e cobertas com palha
de coco babaçu.
A povoação já chamava atenção, chegando para cá o Sr. Ricardo Fernandes com sua esposa Isabel e duas Filhas que vindo do Ceará, se localizaram no Povoado
Curador e vieram à procura
de melhores terras para trabalhar, se localizando no lugar por eles denominado de Cutias, em cima da serra, abeirando um olho d’água lá existente. Logo depois era a vez da família Tataíra, composta de oito pessoas que se localizaram as margens
do
olho d’água Tiúba.
Dentre as famílias que fizeram o que hoje é Tuntum, contamos a de Honório Araújo que aqui chegou em 1.920, juntamente com a de Correia Lima, Tavares Viana, Francisco Andrade com seus filhos
Alexandre, Antônio e Paulo Andrade, vindos do Sul do Estado, mais precisamente, do Município de Pastos
Bons.
Os membros da família Correia Lima se localizaram as margens do Riacho Tuntum, próximo ao olho d’água do pinga. Já os Tavares Viana fixaram-se as margens do riacho formado pelo olho d’água que descia da serra, hoje travessa dos Tavares e a família Andrade se localizou as margens do riacho formado pelos
brejos que tinham nascentes onde é hoje a Padaria amazonas, na Rua Dr. Joacy Pinheiro, e outro no lugar onde hoje é a Rua São Raimundo, por traz da chamada usina
do Assis Bilé.
Tuntum já se tornara conhecido e, com a grande seca que assolou todo o Nordeste
Brasileiro, provocando um verdadeiro êxodo em 1.932. Para aqui vieram
os flagelados da seca nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, povoando os centros denominados Vila Cearense, Creolí do Bina e Centro dos
Piauizeiros.
Em 1.932 é quando também retorna ao povoado o Sr. Ricardo Fernandes
e esposa, desta vez já acompanhado dos genros José Uruçú, Antônio Ferreira
Queiroz e João Frieira de Queiroz que se estabeleceram, o Patriarca na localidade
Cutias e os genros na Rua Principal do Povoado que se formava, hoje Rua Frederico Coelho.
Com a emancipação do Município de Barra do Corda em 1.935, Tuntum
passou a sua jurisdição, deixando de pertencer a Grajaú, facilitando assim as
transações, pela distância
diminuída.
O primeiro comércio varejista do Povoado foi instalado em 1.936 pelo recém-chegado Estevão Correia que se estabelecera onde hoje é a Praça Eurico
Ribeiro, onde se formara um largo para os produtores depositarem sua produção que traziam da roça e só podiam ser transacionadas na época de estiagem, quando apareciam os compradores de
gêneros que os transportava
em
tropas de animais.
Em 1.940 era a vez da família Léda, chefiada por Ariston Léda que se
estabeleceu onde hoje é a Rua São Raimundo com um comércio de medicamentos, que atendia a população que se formava em um aglomerado de casas de palhas
e/ou
de taipa, cobertas com palhas.
Pessoa falante e desenvolta, Ariston Leda logo se tornou um líder político
no Povoado, passando a representá-lo junto às autoridades do Município e dos
demais entes da federação, tanto que, quando da emancipação do Município de Curador, em 30 de dezembro de 1.943, que contou com a sua luta e influencia, através de políticos de quem era parente, fora nomeado o primeiro Prefeito do
Município, para governá-lo no período de 1.943 a março de 1.946, transferindo-se
dessa maneira para a sede da
Municipalidade.
Tuntum se tornara um Centro de Produção e para cá afluía famílias que fixavam morada, formando um aglomerado já bem populoso. Os moradores
mais esclarecidos já mandavam seus filhos para estudar fora, como o caso de Francisco dos Santos Carneiro que mandou seu filho Raimundo Carneiro para Grajaú,
Alípio Coelho e João Pinheiro dos Santos que mandaram os filhos para
estudarem em São Luiz
e outros que
assim contribuíam com o engrandecimento da
terra.
Assim, Tuntum ia se organizando e substituindo seus casebres por casas construídas com alvenarias de taipa, tijolos crus (adobes) e até mesmo por tijolos
queimados e cobertos
com palhas ou telhas de fabricação artesanal.
Em 1953, Manoel Valente de Figueiredo chegou no Município de Tuntum com sua esposa Maria Iracema Gomes. Com nítida personalidade vocacionada ao
trabalho incansável, Manoel Valente de Figueiredo se destacava como uma pessoa
de visão, com ampla capacidade em questões burocráticas de bancos e cartórios, orientava e dizia as diretrizes de diversas pessoas que tomavam os seus conselhos.
Como
destaque de seu legado empreendedor agroindustrial, recebeu o premio de maior produtor rural da região dos cocais, destacando-se na produção de arroz, milho e criação de gado. Tornou-se um dos grandes empresários da região, com
uma
capacidade e um otimismo
invejáveis e dignos de admiração.
No ano de 1955, quando Tuntum já se destacava como o maior centro
produtivo e maior povoado de Presidente Dutra (antigo Curador), e já contava com uma população que abeirava os 3.000 (três mil) habitantes, dominando o comércio nas localidades vizinhas de Presidente Dutra e Barra do Corda e, contando com a ajuda ímpar de Ariston Léda que possuía inclusive o sobrinho, Deputado Estadual
Eurico Bartolomeu Ribeiro, que presidia a Assembleia Legislativa, autor do Projeto
de emancipação do Município.
O povoado de Tuntum foi elevado à categoria de Município, através da Lei
1.362 de 12 de setembro de 1.955, assinada pelo então Governador do Estado Dr. Eugênio de Barros, tendo sido
instalado em 27 de dezembro
do
mesmo ano.
Foi nomeado como Prefeito Municipal o Senhor Isac da Silva Ribeiro para governar o Município no período de 1.955 a 1.959, tendo sido realizado a primeira
eleição municipal no dia 15 de novembro de 1.958 concorrendo como candidatos e Prefeito os Senhores Ariston Arruda Léda pela Situação e Manoel Valente de Figueiredo pela oposição, sendo a chapa da situação a vencedora e Ariston Léda
consagrado como o
primeiro
Prefeito eleito
do Município.
Tuntum não passou pela categoria de Distrito e quando de sua criação, na
mesma Lei, também foi criado o Distrito de São Joaquim dos Melos, localizado ao Sul da
sede Municipal.
Desmembrado do Município de Presidente Dutra, Encravado no centro do
Estado, Tuntum é considerado o umbigo
do
Maranhão.
Com uma área territorial de 4.063Km² permaneceu com esse tamanho até o ano de 1.996 quando cedeu 489,959Km² de seu território para formação do Município de Santa Filomena do Maranhão, ficando dessa maneira, ainda com uma
vasta área de 3.573,041Km², limitando-se com os Municípios de Presidente Dutra, Santa Filomena do Maranhão, São Domingos do Maranhão, Mirador, Fernando Falcão, Barra do Corda e Joselândia.
Situado a 362 km da Capital do Estado, São Luís, está mais ligado socialmente a Capital
do Estado do Piauí, que dista 227 km, pela
BR.226, ainda com 100 km sem pavimentação asfáltica, o que
dificulta em muito o transito entre
as duas cidades.
Com uma altitude de 175m acima do nível do mar, possui
um clima tropical e está localizado na mesorregião centro do Estado, na Microrregião do alto mearim, região de cocais sul, com fuso horário UTC-03 e as coordenadas 5º-15’41”s
– 41º-38’-29”w.
Segundo informações do IBGE, com base no Censo Demográfico de 2.010, possuía 42.786 habitantes e uma densidade demográfica de 12 habitantes
por Km², com um índice de Desenvolvimento Humano de 0,775 e um PIB per capta
de R$ 3.713,94 (três mil setecentos e
treze reais e treze centavos).