segunda-feira, 11 de maio de 2015

Rombo de 5,6 bilhões nos Correios envolve indicados de Sarney e Lobão


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Revista Isto É
Já faz tempo que os Correios deixaram de ser símbolo de confiança e eficiência no Brasil. Sucateada, a empresa mais antiga do País, com mais de 350 anos, hoje vive uma triste realidade, marcada por apadrinhamento político e uma série de acusações de desvio de recursos e pagamentos de propina. Acuados, os funcionários de carreira que têm acompanhado, perplexos, a derrocada da empresa foram surpreendidos agora por um novo escândalo bilionário, no qual os próprios trabalhadores dos Correios são as maiores vítimas.
De acordo com investigações da Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc – a má administração e operações pouco usuais fizeram com o que o Postalis, o Fundo de Previdência dos funcionários dos Correios, registrasse um rombo de incríveis R$ 5,6 bilhões. No levantamento realizado nos últimos seis meses, o órgão ligado ao Ministério da Previdência encontrou tantas irregularidades na gestão dos recursos dos funcionários dos Correios que chegou a pedir ajuda à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para entender o que exatamente foi feito com o dinheiro desviado. “A Previc está preparada para pegar inaptidão, erros, mas não para lidar com atitudes criminosas”, afirmou o chefe da superintendência, Carlos de Paulo, em uma reunião com o sindicato dos trabalhadores dos Correios.
Até agora já se sabe que os gestores dos recursos do Fundo de Previdência fizeram tudo o que o bom senso recomenda não fazer. Investiram, basicamente, em aplicações de alto risco, de baixo histórico de retorno e pouca liquidez. Além disso, após registrarem diversos prejuízos não só mantiveram os recursos nesses investimentos como também aplicaram ainda mais dinheiro neles. Os diretores do Postalis, por exemplo, decidiram investir o dinheiro dos funcionários dos Correios em títulos da dívida de países como a Argentina e a Venezuela. Em outras ocasiões, fizeram apostas pesadas em papéis de empresas do empresário Eike Batista e até mesmo de bancos que acabaram indo à bancarrota, como o Cruzeiro do Sul e o BVA, liquidados pelo Banco Central.
O rombo causado por conta de operações como essas é o maior já registrado entre fundos de pensão no Brasil. Os Correios, em nota encaminhada à ISTOÉ, afirmaram que irão se responsabilizar por 50% das perdas, mas o restante do ônus ficará com os funcionários. Se o buraco não for fechado, estima-se que até 70 mil servidores podem ter suas aposentadorias comprometidas.
O relatório da Previc ainda indica que 23 autos de infração foram lavrados contra os gestores do Postalis. Ainda não está claro que tipo de punição eles devem sofrer. Apesar do escândalo, a maior parte dos diretores continuam à frente do Postalis. Quase todos eles foram indicados pelo ex-presidente José Sarney (PMDB – MA) e pelo ex-ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB –MA). O PMDB maranhense controla o Postalis há cerca de 12 anos.
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Por meio de nota, o Postalis afirmou que recebeu os relatórios da Previc apenas em 24 de abril e que ainda os está analisando. O Fundo de Pensão tem 30 dias para se posicionar sobre o relatório. Os Correios, por sua vez, afirmaram ainda não ter sido notificados pela Previc e que, mesmo assim, já trocou o diretor-financeiro do Postalis. A empresa ainda afirmou que não vê risco de os funcionários ativos e inativos terem suas aposentadorias comprometidas.
Fotos: Jane de Araújo; Edilson Rodrigues/Ag. Senado

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