.

.
.

sábado, 7 de abril de 2018

Lula diz que vai atender à ordem de prisão


SÃO BERNARDO DO CAMPO - De cima de um carro de som na porta do Sindicato dos Metalúrgicos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que irá se entregar à Polícia Federal e fez ataques ao Judiciário e à imprensa.
— Vou cumprir o mandado. E vocês vão ter que se transformar... vocês não vão mais se chamar Chiquinha, Joãozinho, Zezinho, Albertinho... Todos vocês, daqui para a frente, vão virar Lula e vão andar por esse país fazendo o que têm de fazer. Todo dia. Eles têm que saber que a morte de um combatente não para a revolução — disse Lula, durante discurso que se estendeu por 55 minutos.
O petista foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.



No discurso, Lula disse que o juiz Sergio Moro mentiu ao confirmar a acusação de que o tríplex era dele. Para condenar Lula, Moro levou em conta depoimentos de delatores, documentos e fotos que mostravam a relação do ex-presidente com o tríplex. Reportagens do GLOBO, em 2010 e 2014, revelaram o elo do petista com o imóvel.
— Eu quero enfrentá-los de olho no olho. E eu vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado. Eu quero saber quantos dias eles vão pensar que estão me prendendo. E quanto mais dias me deixarem lá, mais Lulas vão nascer neste país e mais gente vai querer brigar neste país" — disse Lula.
O ex-presidente afirmou que "sairá dessa ainda maior":
— Sairiei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente. Quero provar que eles é que cometeram o crime — disse, ressaltando que sairá da prisão de "peito estufado".
Ao criticar a imprensa, o petista voltou a defender a regulação dos meios de comunicação.
— Estou sendo processado, mas tenho dito claramente. Sou o único ser humano processado por um apartamento que não é meu. Que o (jornal) O GLOBO mentiu quando disse que era meu. A que a Lava-Jato mentiu quando disse que era meu. Eu pensei que o o juiz Moro ia resolver e ele mentiu também — disse Lula.




Diante da militância, ele abordou vários assuntos. Defendeu uma nova constituinte, elogiou candidatos às eleições que estavam com ele no palco, criticou a ideia de privatizar estatais como o BNDES e a Caixa Econômica Federal. Mas logo voltava ao tema principal do ato e atacava a forma como vem sendo tratado pela justiça.

— O que não posso admitir é um procurador que fez um powerpoint e foi pra TV dizer que o PT é uma organização crminosa que nasceu para roubar o Brasil. E que o Lula, por ser a figura mais importante, e ele é o chefe. E se o Lula é o chefe não preciso de prova, eu tenho convicção. Guarde a convicção dele para os comparsas.— Não estou acima da Justiça. Se não acreditasse, eu tinha proposto uma revolução nesse país. Acredito numa Justiça justa que faz processo baseado nos autos, na prova concreta que tem a arma do crime — disse ele, continuando:

No ato, convocado para homenagear a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017 e que completaria 68 anos hoje, Lula estava ao lado de padres da região, lembrança da época em que contou com a ajuda da Igreja Católica para tentar evitar sua prisão na década de 1980.
— Na minha consciência, parte da conquista da democracia a gente deve a esse sindicato dos metalúrgicos, a partir de 1978. Aqui foi minha escola, aqui eu aprendi sociologia, economia, física, química e aprendi fazer muita política. No tempo que eu era presidente, as fábricas tinham 140 mil professores que ensinavam a fazer as coisas.
Oglobo



Nenhum comentário:

Postar um comentário