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terça-feira, 10 de junho de 2014

Edinho confessa que usou laranja: “Se eu pudesse voltar atrás, não usaria laranjas”


Por Leandro Miranda (marrapa.com)
O pré-candidato do grupo Sarney, Edinho Lobão (PMDB), confessou à revista Veja que usou a empregada doméstica Maria Lúcia Martins como laranja. Mostrou-se até arrependido por ter usado o ardil para se esconder da Receita e da Polícia Federal. “Se eu pudesse voltar atrás, diria para não botar minha participação por meio de laranjas”, disse.
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Edinho Lobão usou empregada como laranja para fugir de dívidas de um empréstimo e do pagamento de impostos.
A confissão consta na edição 2043 de 16 de janeiro de 2008 e pode ser acessada a partir do link: http://veja.abril.com.br/160108/p_046.shtml. O caso, que corre em segredo de Justiça, no Supremo Tribunal Federal, data de 1999, quando antes de se candidatar à suplência do pai, Edinho foi advertido de que não era recomendável migrar para o mundo político com dívidas milionárias em bancos públicos e impostos atrasados.
 
Edinho Lobão é acusado de usar empregada doméstica como laranja para sonegar imposto
 
Dono de uma distribuidora de bebidas, ele resolveu o problema transferindo suas cotas na empresa para outra pessoa – mais precisamente, para uma empregada doméstica, que só descobriu que tinha se transformado em empresária endividada e sonegadora de impostos quando a polícia e a Receita Federal bateram à sua porta.
Para fugir das dívidas e limpar o nome, o pré-candidato a governador do PMDB usou a doméstica como laranja. Maria Lúcia tomou um susto quando foi intimada a prestar esclarecimentos sobre sua vida empresarial, em 1996.
Só a bancos, a empresa dela devia 5,5 milhões de reais em valores da época. Ela se viu confrontada com extratos de suas contas que revelavam uma intensa e milionária movimentação bancária. Tudo em seu nome. Suas declarações de renda também confirmavam que, embora endividada, ela era uma empresária atuante.
Usada como laranja, empregada desabafa: “Fiquei muito assustada, moço”.
Usada como laranja, empregada doméstica desabafou: “Fiquei muito assustada, moço”.
“Fiquei muito assustada, moço”, disse a Veja Maria Lúcia. “Só depois é que fui entender que o negócio não era comigo.” Não era mesmo. Maria Lúcia ganhava R$ 380 por mês, não tinha conta bancária e nunca havia declarado imposto de renda.
As investigações feitas pela Receita mostraram que ela foi usada para ocultar uma série de transações irregulares feitas pelos verdadeiros donos da empresa, entre eles o pré-candidato Edinho Lobão – que desde então é investigado por sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e estelionato.
A Polícia Federal descobriu que as contas bancárias em nome da doméstica foram abertas e movimentadas por meio de procurações falsas. Maria Lúcia era analfabeta funcional e mal sabia desenhar o próprio nome.
A trama começou a ser desvendada quando a Receita descobriu que um dos donos da Bemar, a distribuidora de bebidas que apareceu em nome da doméstica, era sua patroa, Maria Luiza de Almeida, cujo ex-marido, Marco Antônio Costa, é amigo de Edinho Lobão.
Nem a patroa nem a empregada sabiam da maracutaia. A transferência das cotas de Edinho para Maria Lúcia foi feita às escondidas, usando as tais procurações forjadas. Exames grafotécnicos feitos pela Polícia Federal identificaram ao menos uma pessoa que assinou os documentos se passando pela empregada.
O suspeito é Neuton Barjona Lobão, tio de Edinho. Das mãos dele saíram, inclusive, as assinaturas falsificadas de cheques da doméstica.
Edinho Lobão explicou a Veja, porém, que a decisão de transferir as cotas da empresa não foi um ato de malandragem. Foi para continuar com pele de cordeiro. A Bemar pegou um empréstimo no Banco do Nordeste, segundo ele, para fazer caixa.
Os negócios, no entanto, não foram bem e a dívida com o banco cresceu assustadoramente. Para se ver livre das cobranças e evitar futuros problemas políticos, ele decidiu, juntamente com um sócio, transferir as cotas da empresa para uma terceira pessoa.
“Não posso ser responsabilizado por essa dívida porque nem usufruí o dinheiro”, disse Edinho, numa lógica moral torta, que pode ajudar a compreender seu sucesso como empresário.

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