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domingo, 10 de agosto de 2025

A história do cinema em Tuntum-Ma

 


A história do cinema em Tuntum é marcada por dois estabelecimentos que surgiram no final da década de 1970 e, com o passar dos anos, desapareceram: o Cine Canecão, de propriedade do coletor Ylmar Falcão, e o Cine Canequim, também conhecido como Cinema dos Padres, mantido pela Igreja Católica. Este último foi fruto da iniciativa do grande empreendedor e nosso saudoso pároco, Frei Dionísio Guerra, que trouxe para a cidade, diretamente da Itália, a magia da Sétima Arte. 

Naqueles bons tempos, pontualmente às 17h, os alto-falantes dos cinemas entravam no ar para anunciar os filmes da noite. Cada sala tinha sua identidade: o Canecão, com a música-tema Django, tinha a locução feita por Alderico e Maurity Andrade; já o Canequim, ao som de Czardas, contava com as vozes de Chagas, Alcides, Meia Noite e Seu Deco. De longe, o público já reconhecia quem estava no ar pelo prefixo musical.


Os anúncios eram um verdadeiro convite ao entretenimento. Os campeões de bilheteria vinham, em sua maioria, das superproduções do bangue-bangue italiano, do faroeste americano ou de filmes de ação no estilo James Bond — garantia de casa cheia. Filmes pornográficos, chamados na época de “de sacanagem”, eram impensáveis.

No início da noite, ambulantes se posicionavam diante dos cinemas, vendendo cigarros, balas, picolés, pipoca, algodão-doce e “rabo de tatu”. Era comum rapazes e moças comprarem cigarros e fumarem escondidos dos pais — afinal, fumar era visto como um charme. Ao atravessar a pesada cortina de entrada, a enorme tela branca já exibia a fotografia do filme, marcando o início da magia. 


Enquanto aguardávamos o início da sessão, ouvíamos músicas da Jovem Guarda. Cada cinema tinha seu sinal característico: no Canecão, Moendo Café; no Canequim, African Beat. Aos poucos, o burburinho diminuía, o estalar das bolas de chiclete se misturava ao som suave do projetor, e a sala escurecia. Antes do filme principal, passava o famoso Canal 100, mostrando gols e lances dos grandes clássicos do futebol brasileiro. Em seguida, a história projetada na tela nos levava a mundos imaginários, transmitindo mensagens e emoções que ficavam na memória.


Assim era Tuntum de antigamente, com seus saudosos Canecão e Canequim, nossos cinemas de rua. Uma época de ouro, marcada pela simplicidade, inocência, paz e amor. Namoros no escurinho, beijos apaixonados e a trilha sonora de uma geração que embalava sonhos e sentimentos.

As músicas e temas dos filmes — Django, Pecos, Dólar Furado, O Velho Oeste, Por um Punhado de Dólares, Três Homens em Conflito, Era Uma Vez no Oeste, James Bond, Rio Vermelho, Sartana, Trinity, Tarzan, Doutor Jivago, O Poderoso Chefão, Ben-Hur, Dio Come Ti Amo, Love Story, entre tantos outros — nos fazem viajar no tempo, revivendo emoções de uma época única e insuperável.

São lembranças de dias felizes que não voltam mais, mas que permanecem vivas na memória e no coração, como diria o nosso rei Roberto Carlos: “São tantas emoções”.

Por Remy da Mata




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