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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Ipea mostra que o MA tem o segundo maior número de miseráveis do País

 

roseana-sarney
Com informações de O Globo
RIO – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) disponibilizou em seu banco de dados na internet dados que vinha mantendo sob sigilo durante as eleições e que mostram o aumento do número de miseráveis no país em 2013, pela primeira vez em dez anos. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013), o instituto calculou que o número de pessoas extremamente pobres passou de 10,081 milhões, em 2012, para 10,452 milhões, em 2013, um acréscimo de 371.158 pessoas entre as pessoas com renda inferior ao mínimo necessário para garantir o consumo das necessidades calóricas.
 Na linha de extrema pobreza que leva em conta o percentual de brasileiros com renda inferior a R$ 70 por mês, valor adotado pelo Programa Brasil Sem Miséria, o aumento de brasileiros na extrema pobreza foi ainda maior, de 870.784 pessoas, o que elevou o percentual de miseráveis de 3,6% para 4% ou 8,05 milhões.

De acordo com o Ipea, 53% dos extremamente pobres estão distribuídos em cinco estados, Bahia (14%); Maranhão (11%), São Paulo (10%), Ceará (9%) e Pernambuco (8%).

Não foi o único instituto que constatou um aumento dos miseráveis no ano passado. Os pesquisadores associados do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) Andrezza Rosalém e Samuel Franco já tinham calculado um aumento do número de miseráveis 6,1% para 6,2% em todo o país no último ano. Os pesquisadores consideram miserável quem tem renda de até R$ 123, um patamar acima daquele usado pelo governo, de R$ 70, em 2013.

A pedido do GLOBO, eles traçaram um perfil do miserável no país e mostraram que a piora do mercado de trabalho já pesou sobre a população mais desfavorecida. A taxa de desemprego dos mais pobres subiu de 25,5%, em 2012, para 30,4%, em 2013. Enquanto 43,8% dos trabalhadores no país são informais, entre os miseráveis essa é a regra: 96% vivem sem proteção social.

A reportagem, publicada em 5 de outubro, mostrou a história de Janecleide Fernandes, de 18 anos, que, diferentemente da mãe, sabe ler e estudou até a quinta série. Isso não impediu a moradia precária no Recife. Ela mora com o filho Leonardo, de 3 anos, numa comunidade quase invisível, fincada em pleno manguezal, entre duas pontes que dão acesso aos bairros do Pina e Boa Viagem, na Zona Sul da capital.

As casas têm tábuas irregulares, que margeiam becos estreitos sobre pedaços velhos de madeira, sem direito a banheiro, água encanada nem ligação oficial de luz elétrica. Para se ter acesso à comunidade, é preciso escalar uma mureta da ponte e subir uma escada enterrada entre a lama e as “ruas” de madeira que dão acesso às palafitas onde moram catadores de sururu, marisco disputado por restaurantes da capital. A casa de Janecleide tem dois pequenos cômodos, não possui latrina. Os moradores carregam baldes d’água tirada de uma mangueira comum.
— Aqui é assim, cada um no seu chiqueiro. Quem tem filho, tem que ter o seu lugar para cuidar dele — diz ela, que trabalha desde os 12 anos de idade e ganha hoje menos de meio salário mínimo por mês para a família

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