Depois de um ano dividindo o tempo entre curso
técnico, cursinho e estudos em casa, Luis Henrique Sales, de 19 anos,
conquistou, junto com 249 estudantes em todo o Brasil a nota mil na
redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O estudante, que tem paralisia cerebral, conta que dormia apenas das
2h30 às 6h30 na preparação para o exame. A nota máxima foi a melhor
recompensa que poderia ter.
“Foi uma alegria. Ele disse: mãe a senhora não acredita. Eu disse,
parabéns. E pronto, não conseguimos nos dizer mais nada”, diz a mãe,
Dourizan de Sales Santos, emocionada. Caso consiga uma vaga em uma
faculdade, Luis Henrique será o primeiro da família a entrar no ensino
superior. Ele já havia conseguido uma vaga no Instituto Federal do
Maranhão (Ifma) para técnico em mecânica.
O sonho era, no entanto, entrar no ensino superior e, para isso,
fazer o Enem. Ele terminou o ensino médio em 2013, se inscreveu no
exame, mas não conseguiu fazer a prova porque havia esquecido a
identidade em um stand onde fez a inscrição para o vestibular da
Universidade Estadual do Maranhão (Uema). “Pense numa pessoa que chorou.
Ele queria muito fazer o Enem. Mas esse ano acabou o sofrimento”, conta
o pai, Luis Carlos Magalhães Santos.
A família mora em Garapa, região da periferia da capital maranhense
São Luís. Luis Henrique sempre estudou em escola pública. O pai conta
que no ensino fundamental o rapaz sofreu preconceito por parte dos
outros alunos. “Ele sempre quis provar que pode. No ensino fundamental
teve a questão da discriminação, pelo jeito de falar, de andar. Sempre
disse para ele iriaa e ainda vai passar por esses momentos, mas que ele
pode fazer qualquer coisa que quiser”, diz o pai. O esforço lhe rendeu
uma vaga no Colégio de Aplicação da Ufma, o Colégio Universitário, onde
cursou o ensino médio.
Agora, o que Luis Henrique quer é cursar engenharia da computação na
instituição de ensino superior. Ele espera o resultado do Sistema de
Seleção Unificada (Sisu), que será divulgado nesta segunda-feira (26).
“Estou feliz [com o resultado no Enem] foi muito estudo. Eu escolhi o
curso porque é o que eu gosto, o que sempre gostei”, diz o estudante.
Para ele, o segredo de ter tirado nota mil foi ter estudado e
aplicado as regras do Enem, que eram discutidas em sala pelos
professores do cursinho, além de praticar. “Eu acho que o diferencial
foi ter abordado os dois lados, tanto a pessoa que emite o anúncio
quanto quem recebe, que são as crianças”, diz. O tema da redação foi
Publicidade Infantil, assunto em questão no Brasil.
O diretor do curso preparatório Wellington, Carlos Wellington de
Castro, disse que o aluno é motivo de orgulho. “Só dois alunos tiraram a
nota máxima no estado”, ressalta. Ele era um dos estudantes
beneficiados pelas vagas reservadas no cursinho para ex-alunos de
escolas públicas, a preços acessíveis. “Almoçava e ficava
ininterruptamente estudando”, conta.
Os estudos sem fim não davam descanso a mãe. Dourizan diz que ficava
muito preocupada com a alimentação do filho, que esquecia de comer
enquanto estudava. “Eu tinha que fazer lanche, levar para ele”. Agora,
ele pode descansar um pouco, andar de bicicleta e comer um prato de
macarronada com tranquilidade, prato e atividade preferidos segundo a
mãe.
r7/netocruz
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