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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Índio agredido em Viana conta que a mão ficou “só na pele”


Do UOL
O índio gamela José Ribamar Mendes, 46, vítima de ataque de fazendeiros no povoado Bahias, no município de Viana (região da Baixada Maranhense), relatou que ficou com a mão pendurada pela pele ao ser agredido por grupo armado com facões e armas de fogo, no último domingo (30). Inicialmente, havia sido informado que o índio tinha sofrido a amputação das mãos.
índio
Mendes está internado na enfermaria do hospital Dr. Tarquino Lopes Silva, em São Luís, se recuperado de cirurgia para fixação dos tendões e ossos do punho esquerdo e das pernas, que foram fraturados durante a agressão.
“Partiram para cima da gente lá. Pedimos paz, mas todo mundo armado para cima. Minha mão ficou só na pele, foram dois cortes”, contou Mendes.

Na manhã desta terça-feira (2), a comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seccional Maranhão, visitou Mendes, Aldelir de Jesus Ribeiro, 37, e José André Ribeiro, 45, os outros dois índios que estão no hospital, para colher depoimento deles sobre o atentado.
A OAB-MA e a Sociedade Maranhense de Diretos Humanos compararam os ataques sofridos pelos índios aos ocorridos em animais. O advogado Rafael Silva, da comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, disse que os cortes nos corpos dos índios foram iguais aos que fazem em porcos que atacam plantações. “Atacaram gamelas como animais. Fizeram igual como matam porcos que atacam roças, cortando os membros perto das articulações”, comparou.
Já o membro da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, advogado Luís Antônio Pedrosa, afirmou que os golpes tinham o objetivo de deixar a vítima sem condições de sobreviver por conta própria. “Faziam isso com os búfalos nos conflitos da década de setenta. Cortar os ligamentos dos membros é uma assinatura violenta de quem quer imobilizar seu opositor.”
Mãos não foram decepadas
Segundo o secretário de Estado da Saúde do Maranhão, Carlos Eduardo de Oliveira Lula, os pacientes não tiveram membros decepados. “Quanto aos três que permanecem internados, nenhum teve a mão decepada. Conforme boletins médicos, em face da agressão sofrida, dois dos gamelas tiveram fraturas expostas”, disse.
O médico cirurgião ortopédico Newton Gripp Lopes, diretor técnico do hospital Dr. Tarquínio Lopes Filho, explicou que as lesões ocorridas nos índios foram graves, com cortes profundos, mas os membros não foram arrancados do corpo.
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“Os dois tiveram lesão grave profunda cortante ocasionada por arma branca, mas não teve decepação. Foram vários cortes profundos que atingiram áreas importantes, chegou até o osso, mas não arrancou partes do corpo. Talvez, eles tenham sequelas na movimentação das mãos, mas só o tempo vai dizer, muito tempo. Eles se submeterão ainda a muitas cirurgias reparadoras”, disse o médico.
O advogado Rafael Silva afirma que houve uma tentativa de esquartejamento conforme relatos dos indígenas colhidos na manhã desta terça-feira pela comissão de Direitos Humanos da OAB-Maranhão. “Para ocorrer uma amputação, ocorre uma fratura. Os dois índios contaram que os membros agredidos ficaram segurados pela pele. Agora, ninguém está entendendo o porquê do Estado tentar minimizar a gravidade do Estado de saúde dos índios. A gravidade é tamanha que ainda não se sabe qual vai ser a sequela que eles terão”, disse Rafael Silva, em referência à nota emitida pelo Estado do Maranhão em que nega a decepação.

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