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quarta-feira, 25 de março de 2020

Clima esquentou: Reunião de Bolsonaro com governadores do Sudeste tem bate-boca

O clima azedou entre João Doria Jr. e Jair Bolsonaro na teleconferência entre o presidente e os governadores do Sudeste, nesta manhã.
Doria começou sua fala “lamentando” os termos do pronunciamento de Bolsonaro na véspera em rede nacional de rádio e TV. Disse que “o senhor, como presidente da República, tem de dar o exemplo, e tem de ser o mandatário para comandar, para dirigir, para liderar o País, e não para dividir”.
“Presidente Bolsonaro, na condição e cidadão, de brasileiro e também de governador de São Paulo lamentamos o seu pronunciamento ontem à noite à Nação. Nós estamos aqui, os quatro governadores do Sudeste, em respeito ao Brasil e aos brasileiros, e em respeito ao diálogo e entendimento. O senhor, como presidente da República, tem de dar o exemplo, tem que ser o mandatário para comandar, dirigir, liderar o país, não para dividir. Todos aqui republicanos, presidente. Temos quatro governadores de quatro partidos distintos, não comungamos das mesmas opiniões e dos mesmos pensamentos ideológicos necessariamente, mas nós trabalhamos conjuntamente”, disse Doria.
“Somos todos aqui republicanos, presidente. Somos quatro governadores de quatro partidos distintos. Não temos as mesmas opiniões e os mesmos pensamentos ideológicos. Mas nós trabalhamos simultaneamente. Aliás, os 27 governadores do País fazem isso para defender os brasileiros”, complementou o governador de São Paulo.
João Doria afirmou que a prioridade é “salvar vidas, presidente, nós estamos preocupados com as vidas, salvar vidas de brasileiros”. Disse que os Estados estão conscientes de manter a economia funcionando naquilo que é essencial, de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde. Ele ainda se dirigiu diretamente ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para mandar um alerta para que o governo não confisque equipamentos e insumos de São Paulo, epicentro da crise. Doria disse que recorreria à Justiça se o governo Bolsonaro insistisse na medida.
O governador de São Paulo, João Doria e o presidente Jair Bolsonaro
O governador de São Paulo, João Doria e o presidente Jair Bolsonaro Foto: Nelson Almeida/AFP
Bolsonaro respondeu com o pé no peito. Disse que Doria “aproveitou-se do meu nome para se eleger governador”. Afirmou que, assim que ganhou as eleições, fez como já havia feito com “outro no passado”, numa alusão a Geraldo Alckmin, “vira as costas e começa a atacar covardemente aquele que emprestou o seu nome, não voluntariamente”. “Guarde essas suas observações para as eleições de 2022, onde Vossa Excelência poderá destilar todo o seu ódio e demagogia”, disse.
“Desde o final das eleições de 2018 Vossa Excelência assumiu uma posição completamente diferente da que teve comigo”, afirmou. “Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser presidente da República. Não tem responsabilidade. Não tem altura para criticar”, criticou.
Elevando o tom de voz, Bolsonaro disse que não aceita “de forma nenhuma” essas palavras “levianas” de Doria, de ser responsabilizado por tudo que acontece no Brasil. “Queremos sim preservar os idosos, mas não aceitamos demagogia barata”, vociferou o presidente.
Afirmou que não aceita o tucano como “porta-voz dos outros governadores”. “Governador João Doria, faça sua parte, o governo federal está pronto para comandar como sempre fez. Vossa Excelência foi quem fechou a porta para nós”, afirmou.
Na segunda vez em que teve a palavra, Doria elogiou a serenidade de Luiz Henrique Mandetta e pediu “calma, serenidade e equilíbrio” a Bolsonaro.
Medidas
Em sua fala inicia, o governador de São Paulo afirmou que as decisões de São Paulo são tomadas num comitê e orientadas por médicos, que não são precipitadas nem impensadas. Propôs o adiamento do pagamento da dívida dos Estados não por seis meses, mas por doze meses. “Temos de recuperar a economia depois dessa crise”, afirmou. Pediu que o governo antecipe o pagamento da Lei Kandir e que o governo federal trabalhe junto ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano para que as dívidas sejam adiadas por um ano.
A pauta apresentada por São Paulo inclui também a liberação pela Receita de insumos essenciais para a crise e o não-confisco de respiradores e outros insumos. Disse que irá à Justiça caso haja decisões de confisco.


Bolsonaro não respondeu a nenhuma das reivindicações depois que respondeu às críticas de Doria e atacou o tucano, e passou a palavra ao ministro Luiz Henrique Mandetta. BR Político

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