Que há problemas no sistema de saúde do Brasil, todos sabem. Que Ricardo Murad montou um sistema de saúde maluco e cheio de corrupção, todos sabem, apesar de ele estranhamente nunca ter passado um único dia na cadeia.
Todos também sabem que o governador Flavio Dino, desde o primeiro dia de governo, vem tomando providências para corrigir o que encontrou de errado. Fez licitação para contratação de entidades prestadoras de serviço, coisa inédita. Implantou uma empresa pública, a EMSERH, para progressivamente substituir as entidades privadas, o que vem sendo feito. E determinou a realização de processos seletivos públicos para contratação de funcionários, também fato inédito, e que já resultou em mais de 4.000 contratações.
Eis que de repente uma operação midiática e uma entrevista coletiva desastrada da Polícia Federal promovem uma total inversão dos fatos.
Todas as medidas tomadas pelo novo governo para corrigir erros do passado foram ignoradas. E repentinamente o sistema de saude passa a ser honesto antes de 2015, no período Sarney/Murad. Realmente muito jocoso.
O pior é que os fatos narrados por um delegado de Polícia na entrevista para a TV do senador Sarney revelaram-se um amontoado de distorções e invenções.
Primeiro, o delegado falou de uma tal sorveteria e errou a data de mudança do seu objeto social em dois anos. O que ocorreu em 2013, no governo Sarney/Murad, foi tratado como tendo ocorrido em 2015, já no novo governo. Bastava ter consultado a Junta Comercial para evitar o vexame.
Segundo, o delegado falou em 400 fantasmas que estariam em uma lista, que até hoje não apareceu. Ou seja, até aqui parece que a lista que é fantasma e que foi usada só para causar impacto midiático.
Terceiro, médicos que trabalham foram acusados de integrarem uma “empresa de fachada”. Agora os médicos aparecem e contestam a absurda acusação. Esse fato derruba também outra invenção: os R$ 18 milhões supostamente desviados, pois R$ 11 milhões foram pagos a esses médicos, que alegam que existem e trabalham. E os demais recursos devem corresponder aos alegados fantasmas, que ninguém sabe onde andam.
E o que é pior: a Polícia Federal está investigando o que não pode, ao se pronunciar sobre recursos exclusivamente estaduais, sem nenhuma origem federal. Para completar o cenário de horrores jurídicos, o delegado achou de acusar um secretario de Estado, sem nenhuma atribuição legal para isso.
A pergunta que fica é: a quem interessa tantas trapalhadas ? Certamente aos interesses da oligarquia Sarney/Murad. E também aos investigados, pois isso vai resultar em um festival de nulidades jurídicas, sem nenhuma punição.
Sem duvida estamos diante de uma investigação que merece ser investigada. Será apenas desconhecimento técnico e legal a causa de tantas trapalhadas ?