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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Policial feminina do Maranhão é agredida com pedaço de madeira por instrutor da PM

 

Uma policial civil do Maranhão denuncia ter sido agredida com um pedaço de madeira por um instrutor da Polícia Militar em um curso tático no Ceará. De acordo com a vítima, outras 21 mulheres teriam sofrido a mesma agressão. O motivo seria o sumiço de uma fatia de pizza.

“Estava em outra parte quando vi aquele cara louco falando ‘Roubaram minha pizza’, ‘São loucas’. Ele colocou todo mundo em posição de flexão e desceu a paulada em todas, na bunda. Tinha 22 comigo”, conta. 

A mulher, que não será identificada, disse estar fazendo tratamento psicológico para lidar com o trauma.

“A agressão dói na hora, mas o que fica é a dor psicológica. Dói e te move a fazer o que estou fazendo. Não tem sido fácil. Eu saí do curso, mas o curso não saiu de mim até hoje. Estou em tratamento (terapêutico)”, disse ao g1. 

O curso, com duração de quatro semanas foi promovido pela Secretaria da Segurança do Ceará para treinamento de mulheres militares de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí.

A proposta era um treinamento de defesa pessoal, técnicas operacionais policiais, salvamento, entre outros procedimentos. As aulas foram ministradas por PMs do Tocantins.

A denunciante conta que um segundo momento de agressão aconteceu quando o PM pediu que as policiais se retirassem do local. Como parte das agentes já estavam com marcas devido ao treinamento, o retorno à sala de instrução não foi feito com rapidez, o que teria estressado o professor.

“Ele mandou voltar porque achava que a gente estava retardando. Lá tudo é corrido. Ele botou a gente em posição de flexão de novo, eu e mais três, e desceu a paulada de novo. Mas, dessa vez, foi com mais ódio, tanto que gritei de dor. Não consegui (ficar calada)”, relatou. 

Xingamentos

Ainda segundo a mulher, o policial teria ficado com mais raiva e passou a gritar e proferir xingamentos como “velha” e perguntava o que ela, que vinha do Maranhão, estava fazendo ali, contra a maranhense.

A agente chegou a desistir do curso, mas já voltou a trabalhar – algo que, segundo ela, tem ajudado em sua recuperação. “Estou tendo total apoio dos meus chefes, por isso que estou aguentando e tendo essa coragem de levar até o fim. É a primeira vez que isso acontece”, pontuou a denunciante.

Inquérito policial

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará afirmou que tomou conhecimento da denúncia de agressão durante o curso e diz que abriu uma investigação para apurar o caso.

“A Secretaria da Segurança ressalta que um inquérito policial para apurar o fato foi instaurado na Delegacia de Defesa da Mulher, onde foram realizadas oitivas e a vítima recebeu todo acolhimento, além de ser encaminhada para a realização de exame de corpo de delito”, diz a secretaria.

Já o governador do Ceará, Elmano de Freitas, classificou a denúncia como “inadmissível e revoltante” e ordenou a troca do diretor-geral da Academia Estadual de Segurança Pública, que promoveu o treinamento. 

A Controladoria Geral de Disciplina, que investiga denúncias contra agentes de segurança no Ceará, também abriu procedimento disciplinar para investigar o caso no âmbito administrativo.

Repercussão no Maranhão

Já no Maranhão, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Geral de Polícia do Maranhão, informou que assim que tomou ciência do caso, no último dia 10 de junho, o Delegado Geral Jair Paiva entrou em contato com a investigadora, bem como com o Delegado Geral da Polícia Civil do Ceará solicitando apoio à agente de segurança.

O caso foi registrado na Casa da Mulher Brasileira de Fortaleza, de onde a policial foi encaminhada para fazer o exame de Corpo Delito.

Ainda segundo a Polícia Civil do Maranhão (PC-MA), a investigadora prestou  depoimento na Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI), em São Luís.

A PC-MA ressalta que já formalizou um pedido de apuração do caso  junto à Polícia Civil do Ceará que investiga o caso. O fato está sendo acompanhado pela Delegacia Geral de Polícia do Maranhão.

Com informações do g1

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